12 de junho de 2014

Na busca por entrevistar personagens representativos da comunidade do surf e do turismo no Farol de Santa Marta, conversamos com dois surfistas locais de diferentes gerações do Farol: João Baiuka e Adriano Limas, que gravaram seus depoimentos num belo dia de sol em meio ao privilegiado visual panorâmico da varanda da pousada Baiuka.



Jovem e dedicado surfista, João nasceu e cresceu convivendo com o visual da ondas da Praia do Cardoso, na casa do avô que com o tempo se transformou numa das melhores pousadas e restaurantes do local. Conciliando a paixão pelas ondas com a administração do negócio da familia, João ofereceu informações interessantes sobre desenvolvimento do turismo, do esporte e da cultura do surf no Farol de Santa Marta, além de sua visão sobre os maiores atrativos naturais e os desafios para o futuro da região.

 
Surfista desde os anos 80, Adriano Limas é nativo da Prainha do Farol e relembrou as histórias dos surfistas pioneiros, em especial os paulistas que marcaram época quando chegaram para desbravar as ondas do Cabo de Santa Marta no final da década de 70 e influenciaram os garotos locais como ele a se dedicarem ao surf.

Seu depoimento também tratou de forma bem-humorada da questão do localismo nas praias do Farol, que hoje abrigam diversas modalidades de esportes aquáticos, além das mudanças relativas ao crescimento urbano provocado pela chegada de muitos surfistas que decidiram construir casas na região.  Um movimento que acabou interferindo de forma negativa na qualidade das ondas, com a retirada e a modificação do caminho natural das dunas provocando alterações signifcativas nos bancos de areia onde as ondas quebram.


Créditos dos frames de surf: João Baiuka em dois tempos na Praia do Cardoso 




11 de agosto de 2014

Frequentando o Farol de Santa Marta há mais de 15 anos, o biólogo Reinaldo Jaeger decidiu abraçar a fotografia e se dedicar à criação de o website Guru das Ondas alimentado diariamente com surf reports, mostrando as condições de surf nas principais praias da região, além de servir como um canal de comunicação para a comunidade, com noticias focadas nas questões ambientais e sociais da região.

O boletim das ondas não é novidade nas praias do Farol, mas as tentativas anteriores não vingaram por muito tempo. Assim, Reinaldo enfrenta o desafio manter as suas atualizações diante da pressão de alguns surfistas "locais" que preferem que "suas" praias não sejam divulgadas, evitando o excesso de surfistas no mar. Mas com um trabalho sério e um forte engajamento nas questões ambientais e sociais, ele tem conseguido apoio de anunciantes locais e das associações de surf do Cabo de Santa Marta.



Numa manhã quente de julho e forte vento nordeste, acompanhamos o seu trajeto matinal diário em meio as paisagens das praias do Cabo e gravamos uma entrevista, na qual ele ofereceu opiniões embasadas sobre a importância do surf e do turismo para consolidar um desenvolvimento sustentável da "ilha" (como os moradores se referem à regiào do Cabo) - onde a valorização e preservação das belezas naturais devem ser priorizadas frente ao crescimento inevitável que se anuncia com as facilidades geradas pelo asfaltamento dos acessos à região.

Opiniões semelhantes foram expostas por Ângelo Teodoro, mais conhecido como Anjinho, um personagem nativo bastante conhecido da comunidade do Farol. A frente da Associação de Surf do Farol de Santa Marta e por muitos anos comandando a principal casa noturna do morro do Farol - o folclórico Boikagô -, Anjinho contou um pouco da sua experiência pessoal com o turismo do surf e das baladas que atraem os jovens para a região a cada temporada de verão.

Um dos repsonsáveis por trazer um evento de surf internacional para a Praia do Cardoso em 2010, Anjinho falou sobre o descaso das autoridades com a região, citando a escalada da violência, roubos e falta de segurança em anos passados, devido à mudança de perfil dos frequentadores das noitadas no Farol. Fatos que contribuiram para que ele decidisse fechar o bar, hoje transformado em uma igreja evangélica, acompanhando a sua conversão religiosa. Feliz com a vida mais sossegada junto à família na comunidade onde cresceu, Anjinho continua a surfar quando as ondas estão boas na Cigana e ainda mantém uma lanchonete no verão.