Guardião da Memória
O primeiro domingo de outono com ares de inverno em Jaguaruna, abrigou o "marco zero" na produção de uma nova aventura audiovisual que se desenha no documentário A Pedra e o Farol. O roteiro do filme percorre um caminho que passa pelo resgate dos mais de 20 naufrágios ocorridos na região, que ficou conhecida como "um cemitério de navios" e sobre o qual procuramos saber mais detalhes com o simpático sr Egídio Farias, curador do Museu de Jaguaruna, onde ele nos recebeu para a gravação da primeira entrevista do filme.
As histórias dos muitos naufrágios catalogados em Jaguaruna ganham grande riqueza visual graças ao valioso acervo de fotos do sr. Gentil Reynaldo - fotógrafo pioneiro e por muito tempo o único na região de Jaguaruna - que documentou estes acontecimentos a partir dos anos 40. Numa época em que a cultura do veraneio ainda engatinhava e as praias eram quase desertas, os naufrágios tornaram-se verdadeiros acontecimentos, atraindo multidões que saiam em trem e carros de boi para conferir a imponência dos navios encalhados perto da costa.
Infelizmente o sr. Gentil faleceu há poucos meses aos 91 anos, sem que pudessemos entrevistá-lo (o que estava previsto no roteiro original). E se a memória se faz não só de imagens, mas das muitas histórias que elas suscitam, algumas delas talvez tenham se perdido para sempre. Por outro lado, a participação na produção do também fotógrafo Guilherme Reynaldo, neto do sr. Gentil e um dos guardiões do histórico acervo da família, será muito importante para engrandecer visualmente a narrativa do filme.
Os relatos do sr. Egídio sobre a situação do museu evidenciam que interesse na valorização e na preservação da memória parece ainda não alcançar uma parcela significativa das pessoas, que pouco se preocupam em conhecer mais a fundo a história da região onde vivem e em entender o motivo de um lugar ser como é.
Conhecer o passado, para entender o presente e projetar o futuro. Talvez este seja o conceito que melhor resuma a proposta de A Pedra e o Farol.